domingo, 31 de janeiro de 2010

A COMIDA DA ZINOCA

Publicado no jornal “A Gazeta” de domingo 31/01/2010

zinoca Sendo a culinária um patrimônio intangível ou imaterial, nela estão patentes processos históricos revelados nos saberes e na memória coletiva e individual. Estudiosos dizem que essa memória é olfativa, tátil, visual e gustativa, e ao mesmo tempo artística e fabril. Isso conduz para que os povos e lugares tenham características próprias e singulares. E até mesmo para fazer a diferença no aspecto turístico.

Naturalmente que as primeiras influências no estabelecimento de uma culinária tradicional no Brasil deveram-se aos colonizadores e viajantes, que num processo de adaptação tiveram que se submeter às condições impostas pela natureza e às necessidades de produção e trabalho. E assim foram surgindo os mais variados alimentos e modo de preparo. Realizaram-se intercâmbios porque da mesma forma que os brasileiros não conheciam o arroz, o feijão e o café, os europeus não tinham idéia do tomate, do chocolate, do milho e da mandioca. Por se relacionar com a natureza, o homem tem na alimentação a sua própria história, pois do território ocupado e do modo de produção vai depender sua sobrevivência, ou pelo menos dependeria, visto as condições sociais hoje impostas, e as alternativas industriais para o consumo de alimentos.

Infelizmente não temos um inventário da culinária local que registre a grande variação de pratos, levando em consideração ciclos históricos e as migrações de diversos períodos. Que tipo de alimentação predominava durante a ocupação dos portugueses na Amazônia? E o que comiam os soldados, engenheiros e escravos durante a construção da fortaleza de São José de Macapá? Claro que em função da produção regional a alimentação variava, ainda que se saiba que milhares de arrobas de farinha da mandioca eram consumidas anualmente pelo contingente de trabalhadores, e que havia uma grande produção de arroz e milho na região. Mas, e os açorianos que vieram para cá antes mesmo da elevação de Macapá à categoria de vila? Com certeza trouxeram os seus conhecimentos culinários e os adaptaram às condições locais e aos costumes indígenas, modificando ou implantando maneiras de pescar, de caçar e de plantar. Assim também deve ter acontecido com as famílias marroquinas que foram trazidas para Mazagão e Macapá. Mas o que restou disso tudo? Mazagão ainda usa comida de origem árabe?

Creio que o mais importa neste momento é essa busca para redescobrir receitas, adaptar e criar pratos que a nossa diversidade de alimentos possibilita todos os dias. Graças à inventividade de artistas culinários oriundos de todo o país, num misto imprescindível da sabedoria e do molho amapaense.

Este texto, na verdade é um pretexto para homenagear a querida Zinoca Lacerda, pelo seu aniversário e pela contribuição que dá, graças a Deus, à culinária local com seus pratos saborosos, usando na sua composição a riqueza plena e ampla de alimentos e ervas amazônicas, temperados pela suas divinas mãos. A mesma Zinoca que vi ser elogiada por autoridades e chefs da Guiana Francesa, que já cozinhou para cardeais e para o papa no Rio de Janeiro e representou nossa cultura em diversas feiras e eventos dessa natureza, ainda hoje realiza jantares para grupo seletos. Seu trabalho é visto como uma extraordinária representação da cultura imaterial regional que orgulha o povo do Amapá e nos deixa mais hedonistas e ansiosos para cometer o pecado da gula. Um brinde e longa vida. Desejamos eu e Sônia.

COLUNA CANTO DA AMAZÔNIA

Publicada no jornal “A Gazeta” de sexta-feira, 29/01/2010.

TEATRO MUNICIPAL

prefeito_roberto_goes O tão esperado Teatro Municipal em breve será uma realidade. O prefeito Roberto Góes informou à coluna que está em negociação para construir um prédio às proximidades do aeroporto Internacional Alberto Alcolumbre, em terreno do município.

A iniciativa vem em boa hora, pois a cultura municipal precisa ampliar suas atividades e atender indiscriminadamente todos os segmentos. O prefeito disse que o teatro também abrigará uma galeria de arte, que é o sonho dos nossos artistas plásticos, e que terá capacidade para múltiplas atividades artísticas. Já era sem tempo. Mas esperamos com certa ansiedade a realização do MIS municipal. Afinal temos ou não temos ou não queremos nossa memória?

CPV NEGROS

isis O Curso Pré-Vestibular para Negros e Pessoas Economicamente Carentes, da UNIFAP, nunca foi tão procurado como agora. O sucesso se deu em função do desempenho intelectual dos alunos que freqüentavam regularmente o curso. 76% passaram no vestibular da instituição, segundo Ísis Miranda, que coordena o curso e é aluna do 5º semestre de Ciências Sociais. Os professores são acadêmicos que já estão graduando.

ARQUIVO JANARY

Os pesquisadores do Museu Joaquim Caetano da Silva que negaram ao arquiteto e mestrando em Políticas Públicas pela Escola de Administração do Amapá, Elizeu Corrêa, o direito de pesquisar em fontes primárias, continuam a se apropriar do material do Arquivo com exclusividade. Deixaram que ele tivesse acesso condicional apenas aos materiais de fontes secundárias e umas poucas primárias.

Eles deverão publicar um catálogo sobre Macapá durante o aniversário da cidade a partir das fontes do Arquivo que foi adquirido por uma fortuna pelo Governo do Estado. São eles que se valem de cargos para usar como se fossem seus os documentos e as informações inéditos para transformá-los em fontes secundárias após a publicação. Um verdadeiro acinte a quem realmente é pesquisador. Será que não querem entender que arquivo público tem que estar à disposição do público? Como diz o Jara Dias: tem ou não panelinha aí.

ARQUIVO JANARY 2

ricardo_angelo Outra vítima dessa apropriação indébita foi o pesquisador da UNIFAP prof. Dr. Ricardo Ângelo, que foi procurar dados sobre a cidade de Macapá do período anterior à sua condição de capital do Território Federal do Amapá. Encontrou a mesma barreira. Só teria acesso depois que os tais pesquisadores liberassem os documentos, ou seja, depois que usassem com exclusividade.

Olha aí, Ministério Público, já é hora de acabar com esse tipo de apropriação e deixar os pesquisadores terem acesso às informações. Foi assim, dizem, que terminaram por roubar os documentos do ex-Território e do início do Estado, que foram parar em arquivos particulares. Daqui a pouco tem gente vendendo para o Governo materiais e documentos que foram roubados do próprio Governo.

FEIRA CULTURAL UNIVERSITÁRIA

Enfim a UNIFAP vai realizar uma feira. Será a Feira Cultural Universitária a ser executada de 25 a 27 de fevereiro. O evento tem o apoio da Pró-Reitoria de Extensão e será coordenado pelo projeto “Pró- Estudante Cultura”.

Segundo os organizadores Paulo Rômulo e Márcio Ferreira, durante a Feira vai haver a 1ª Conferência Livre de Cultura que se seguirá pelos outros meses.

CONVÊNIO CAMARÃO DO AFUÁ

O Bloco Blocanal firmou convênio com a Prefeitura de Afuá para levar seu enredo na Avenida. Quem informa é o diretor Marcelo Freitas que está vibrando com essa parceria.

O enredo “Alegria do Festival do Camarão Afuaense do Blocanal” vai render dez mil Reais para o bloco, que, da mesma forma como a prefeitura do vizinho município paraense um investimento turístico em Macapá. Agora só falta o prefeito Mazinho confirmar se vem para o desfile.

DEZ ANOS DE CURSO

Dia 08 de fevereiro, no início das aulas do semestre, a UNIFAP vai realizar uma ampla programação em comemoração aos dez anos do curso de Ciências Sociais. Haverá palestras, oficinas, mini-cursos, exposição de vídeos e socialização de trabalho entre alunos e professores, entre outros objetivos.

A professora Rauliette Diana, coordenadora do curso informa que todos deverão avaliar esses dez anos e discutir políticas para a pesquisa, ensino e extensão na área. A programação ocorrerá até o mês de agosto.

ZUNIDOR

Achei meio fora de contexto a foto da cachoeira de Santo Antônio na contracapa do CD da LIESA. Se querem enfatizar o turismo não seria o caso de focar mais o carnaval do Meio do Mundo, que é o maior produto turístico desta época? Uma foto do desfile não seria melhor?

Disseram que o procurador geral do MP ameaçou prender todo mundo do jogo do bicho: o bicheiro, a banca, o sonhador e até o “craque” (o jogador).

Convidado, o professor Jadson Porto vai proferir palestra na Universidade de Coimbra. O assunto é o desenvolvimento econômico do Amapá.

Dupla de artistas da noite o percussionista Renato Canela e o multiinstrumentista e cantor Bolachinha vêm fazendo sucesso nas sextas-feiras festivas do Bar do Abreu na Avenida FAB com músicas cantadas em inglês de Georgetown, tipo aquela “Ídi Néri, ídi Néri iú”. Canela é metalúrgico e aprendeu a tocar batendo em bigorna e afinando bico de maçarico. Formam agora a dupla “Bolacha com Canela”.

Parabéns ao novo doutor em Desenvolvimento Sustentável Raullian Lima.

O jornalista Gabriel Penha ficou impressionado com a vitalidade do seu Washington, “Vavá” no aniversário de Mazagão, dia 23 de janeiro. Seu ‘Vavá’ foi pracinha na II Guerra Mundial e está com 90 anos. Está super conservado.

Fabíola espera Beatriz para abril. Finéias Nelluty feliz.

Como disse um torcedor depois do jogo com o Vasco: - Botafogo não tirou nem o dedo.

Vem aí o Adoradores do Sol. Inderê! Volto zunindo na sexta.

sábado, 30 de janeiro de 2010

CAMPANHA PRÓ-HAITI

Show_Haiti Cenas do Show Musical organizado pelo Conselho Regional de Medicina – CRM para arrecadação de donativos à população do Haiti.

É BIG! É BIG!

alcilene_fernando Toda a felicidade do mundo e muito, muito sucesso para minha amiga Alcilene Cavalcante que aniversaria hoje.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

CAMPANHA EM PROL DA POPULAÇÃO DO HAITI

Campanha para arrecadação de donativos à população do Haiti é organizada pelo Conselho Regional de Medicina.

DATA: 30/01/2010

HORÁRIO: 08:00 ÀS 12:00

LOCAL: SEDE DO CORPO DE BOMBEIROS MILITAR

PARCERIA: OAB, POLICIA MILITAR, UNIMED, HSPITAL SÃO CAMILO DEFESA CIVIL e SECETARIA DE SAÚDE DO ESTADO.

POSTOS DE ARRECADAÇÃO: SÃO CAMILO, SEDE DA OAB, SEDE DO CRM, UNIMED MARCO ZERO, UNIMED LAGUINHO E UNIMED HILDEMAR MAIA.

O QUE PODE SER DOADO: Alimentos de pronto consumo, água de frasco de 5 litros, sucos em caixa, achocolatados, biscoitos, barra de cereais.

Na oportunidade haverá um grande show musical. Veja quem já confirmou presença:

campanha Haiti

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

SÃO JOSÉ DE MACAPÁ.

sjose_juvenal sjose_juvenal1 O dia de São José, padroeiro de Macapá é comemorado no dia 19/03. A imagem que protege a cidade está sem nariz e com o cajado quebrado. Dá pra consertar?

Fotos:Juvenal Canto

MINHA MACAPÁ


CÂNTICO 22º

Amo-te amazonas cavalgante
equatorizo o coração
entre o sim e o não que não transformam
meu hemisfério predileto
minha terra       terremoça
                         terremota
                         de terror e dor.





CÂNTICO 23º

Amo-te
amargurada e retumbantemente
desde os ventos raiados
nas auroras aluviais
que turvam meu pranto teu.




CÂNTICO 24º

Amo-te
por teu grito, teu granito
alucinado de justiça
pão e bem-estar
pois desde a tua estada
no meu peito, ouço
correr o verbo e o veneno
de homens que te tiram o sangue.


Publicado no livro São José de Macapá - Roteiro Poético - DIO/AP, Macapá, 1985
Desenho da capa: Chikahito Fugishima

domingo, 24 de janeiro de 2010

ESTRADA DO TEMPO

conj_industriais_do_ritmo_1962 Conjunto Industriais do Ritmo. Década de 60. Sabe quem são os integrantes? Escreve ai.

LAGUINHO EM NOSTALGIA

Publicado no jornal “A Gazeta”, de Domingo, 24 de Janeiro de 2010.

Boêmios do Laguinho 1960 Universidade de Samba Boêmios do Laguinho no Carnaval de 1962. Sabe quem é a passista? Me conta.

O bairro do Laguinho sempre se caracterizou pela intensa movimentação festiva de seus moradores. Para quem, como eu, perambulou pelas suas ruas, desde a sede dos escoteiros Veiga Cabral até o campo e a sede do América, passando pela Rua São José, onde ficava a sede do Sete de Setembro, jamais ficaria sem apreciar fabulosas e deliciosas histórias vividas pelos seus personagens.

Nesse quadro, naturalmente que ficava a nossa velha (nem tão velha assim, mas pioneira) Universidade com a sua sede de madeira, onde os boêmios iam exibir o que sabiam na pista. Pode-se dizer que aquela moçada sambava por instinto, guiada por uma espécie de ginga atávica, que morava no íntimo de seus genes africanos. Na época não havia televisão que pudesse mostrar os passos de dança do samba e raramente passava algum filme de carnaval nos cinemas da cidade. Tudo era transmitido por imitação adicionado à criatividade dos sambistas que às vezes trocavam alguma experiência com os rivais das escolas de outros bairros. Uns vinham de Belém ou de outras capitais onde havia a competição entre escolas de samba e aproveitavam a oportunidade para mostrar as novidades. Pareciam ser os novos passos de dança que os estudantes traziam nas férias para os clubes locais e a juventude logo absorvia.

boemios A nostalgia das quermesses da paróquia de São Benedito, que reunia uma juventude inquieta e crítica, protegida pelo inesquecível padre Paulo di Coppi, nosso mentor para atividades de cunho social, promotor e incentivador da música e de movimentos de base. Era um homem tolerante com nossos erros e comprometido até a alma em formar pessoas boas para o futuro do Amapá. Quase em frente à igreja, na Terceira Avenida do Laguinho, hoje Avenida General Osório, a sede dos Boêmios soltava e pipocava o som dos “Sonoros Caçula”, a aparelhagem do pai do Bacabal, “seu” Nascimento. Invariavelmente a famosa aparelhagem do “seu” Pecó também deixava a sua marca nas domingueiras da vermelho e branco. O som rolava enquanto o “seu” Bolão olhava desconfiado os estudantes que mostravam suas carteiras na porta, com o intuito de não pagar o ingresso e se divertir dançando com as morenas. Dona Isabel, no seu carrinho azul vendia seus croquetes de arroz e até o apreciadíssimo e ainda não proibido casquinho de muçuã, além de outras iguarias regionais muito procuradas pelos seus fregueses cativos.

boemios_ Quando o carnaval se aproximava a excitação da molecada era geral. Todos queriam fazer parte da bateria, mesmo quando os tamborins e outros tambores eram feitos artesanalmente de madeira e pele de cobra, pelo “seu” Sussuarana, pai do Biló e do finado Sassuca. Tudo isso tem um teor simbólico muito especial, pois representa a luta de uma escola de samba que evoluiu muito para se tornar a mais importante instituição do gênero do Amapá.

É inesquecível para mim e certamente para tantos outros a bandeira vermelha e branca desfraldada ao vento pelas ruas do bairro, conduzida pela Telma e pelo eterno Sucuriju, o gentil Mestre-Sala que a cortejava nos desfiles da Avenida FAB sob o aplauso da torcida e do olhar feliz de Falconery, nosso maior passista.

SHOW DE NIVITO GUEDES E FERNANDO CANTO

show_teia

O show “Arraial da Cidade e outros cantos de amor sob a luz do Equador” , aconteceu no sábado (23). O show com muitas músicas inéditas, faz parte do projeto Teia Cultural organizado pela Secretaria de Cultura do Amapá.

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Nivito e eu preparados para entrar no palco. Estou vestido com a túnica que ganhei de presente de minha inesquecível amiga Hanne Capiberibe.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Coluna Canto da Amazônia

Publicada no jornal “A Gazeta” de sexta-feira, 21/10/2010

RÁDIO PRA VALER

antena_radio Entrou em caráter experimental no ar a Rádio Universitária FM da Universidade Federal do Amapá, canal 245-E, com sintonia no dial em 96,9. A Rádio está consignada à Empresa Brasileira de Comunicação S/A – EBC, para fins exclusivamente educativos dentro do Município de Macapá.

A Portaria Nº 717, de 16 de setembro de 2009 exige que seja apresentado ao Ministério das Comunicações um projeto técnico contendo os dados de instalação da estação transmissora de acordo com as normas técnicas vigentes. Esse projeto já foi feito por Toshihiro Kanegae, Gerente de Engenharia de Rádio da EBC, e aprovado pelo Ministério em dezembro. A montagem dos transmissores e dos estúdios foi realizada por Celso Rabelo, Breno e Manolo.

O reitor, professor José Carlos Tavares comunica que a inauguração será no dia 19 de fevereiro, com coquetel e a tudo que ela tiver direito, afinal é uma senhora conquista para a instituição que teve o empenho pessoal do reitor.

DOUTOR DOUGLAS

Agostinho-Douglas

Publicado no blog de minha amiga Alcilene, Repiquete no Meio do Mundo.

Faleceu no domingo passado, 17, em Belém-PA, o ex-prefeito de Macapá Douglas Lobato Lopes, pioneiro do Território Federal do Amapá, que veio para Macapá a convite de Janary em 1945 para trabalhar como engenheiro. O doutor Douglas faria 89 anos no próximo dia 08 de julho. Exerceu o cargo de Diretor de Obras por várias vezes e sua gestão como prefeito foi de 13 de agosto de 1966 a 11 de abril de 1967.

O engenheiro deixou seis filhos, entre os quais o Paulinho Piloto, Luiz Carlos e Douglas Filho. A coluna expressa as suas condolências à família ao mesmo tempo em que torce para que a Câmara de Vereadores venha homenagear tão importante figura da vida pública amapaense. Segundo Coaracy Barbosa na sua obra “Personagens ilustres do Amapá”, foi ele quem construiu e asfaltou a Avenida FAB.

NOVAS FRONTEIRAS

A Universidade Federal do Amapá foi contemplada com o Edital do Programa de Cooperação Acadêmica – PROCRAD, através do projeto “Novas Fronteiras”, que é específico para a Amazônia

O Edital é patrocinado pela Comunidade Europeia por meio da Guiana Francesa, que dará ao projeto 70 mil reais anualmente, com vigência de três anos. A coordenação é do prof. Dr. Arley Oliveira e servirá para bolsas de pós-doutorado, infra-estrutura e publicações, entre outras ações.

NOVO TRAJETO

ronaldo_liete Os frequentadores do Bar do Abreu decidiram mudar o itinerário do bloco “Carroça do Abreu”. Vão fazer o percurso ao inverso do que era feito até o ano passado. O Bloco passa pela FAB, desce a São José e vem pelo Laguinho para passar nos lugares que já foram “bares do Abreu” em épocas passadas.

De acordo com eles é uma maneira de agradecer e homenagear todos aqueles que frequentaram o bar, mas que agora fazem seu carnaval em outras plagas desconhecidas para nós. Nova música-tema será apresentada aos brincantes.

A decisão foi tomada, mas ainda se pensa em outras possibilidades, pois há mais de sete anos que A Carroça se integra à Banda e tem gente que ainda tem dúvida se vai ou não vai no novo trajeto. O Zé Ronaldo é um deles.

JORNADA CULTURAL

O Projeto Jornada Cultural, executado pela SECULT, vai se restringir este ano à Macapá e Santana que têm uma resposta melhor de público. Segundo o Diretor de Cultura, daquele órgão, Tob Maciel, a experiência do interior não foi muito boa devido à falta de apoio de alguns prefeitos.

O projeto vai levar mais de 80 atrações para os palcos, com apresentações de artistas individuais, grupos de teatro e dança e bandas de música. Mais de 300 profissionais estarão envolvidos nos eventos, que deverão ocorrer em logradouros públicos das duas cidades, agora, passando o carnaval.

BODAS DE OURO

Registramos com alegria, mesmo com um certo atraso, as bodas de ouro do casal Edmir e Alba, pessoas muito queridas no bairro do Laguinho.

O evento foi realizado no dia 06 em sua residência e contou com a presença de muitos amigos. Seu “Pororoca” e a professora Elba são pioneiros em nosso Estado. Pororoca foi prefeito e vereador em Calçoene e veio da cidade de Vigia, no Pará, que também é terra da gurijuba. A professora Elba lecionou no Barão e foi colega de minha saudosa mãe.

DE OLHO NO DESFILE

A presidente da LIESA, Marjô, depois de detectar alguns problemas, anuncia que vai ampliar as instalações do sambódromo para o carnaval que se aproxima.

Vai mandar fazer duas cabines: uma para filmagens e fotografias e outra para a Comissão de verificação e Obrigatoriedade da Liga, com o objetivo de vetar precipitações de escolas que sempre entram com recurso, principalmente com a contagem do número de pessoas em alas que têm número específico de participantes.

ZUNIDOR

Quem está cuidando da saúde, depois de um susto e fazendo exames médicos em São Paulo, é o advogado Arimathea Cavalcanti, um dos organizadores da Banda. Por conta disso não sai no carnaval.

A UNIFAP vai comemorar seus vinte anos de fundação com uma vasta programação cultural a partir do dia 02 de março. À frente dos trabalhos está o professor Tostes, vice-reitor, que está chegando de merecidas férias.

Maestro Manoel Cordeiro vai arranjar as novas músicas do novo CD de Juliele logo, logo.

Meus sentimentos à família da professora e poeta Risalva Amaral, e também ao meu amigo Baé, pelo falecimento de sua genitora, Dona Lucila.

nivito

 

É hoje a apresentação de Nivito com este compositor no Teatro das Bacabeiras, uma experiência musical que vem dando certo. É o nosso quarto show. Faz parte do projeto “Jornada Cultural”, da SECULT. Em seguida tem Osmar Jr.

Vem aí o livro “Adoradores do Sol”.

Inderê. Volto zunindo na sexta.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

ENCONTRO MUSICAL

carlos_mcordeiro_juliele_fernando
Carlos Lobato, Manoel Cordeiro, Juliele e Fernando Canto
Juliele Marques e Carlos Lobato receberam o Mestro Manoel Cordeiro para a retomada da cantora aos palcos.
Grandes novidades virão por aí.
julia_fernando_mc D. Julia Marques, Fernando e Manoel Cordeiro
juli_sonia_marli
  Juliele, Sônia e Marli Cordeiro

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

SAMBA ENREDO DE BOÊMIOS DO LAGUINHO



Título: ÍNDIO QUE TE QUERO LINDO
Autores do Samba: Vicente Cruz, Ademir do Cavaco e Quinho do Salgueiro


Sou laguinho, sou raiz
Sou boêmios, sou feliz                                  bis
Índio que te quero lindo n'avenida
Maravilha nesta vida

Num ritual de poesia
O mito da criação
Transformou em fantasia
Sua imaginação
Festa do sol, ô ô ô
Coração de criador, ô ô ô ô
Estrela reluzente pelo espaço viajou
Pororocando vai a emoção
Incendiando a multidão

O índio lutou por sua terra
Minha escola é uma nação                                  bis
Um guará em pé de guerra
De vermelho e branco pra ser campeão

Mãos! Pintaram a arte
Moldaram o barro
Contando a história deste chão
Dança povo da mata
Sonha que o ouro é teu
Protege da ambição
(Oh! Mãe!)
Oh! Mãe natureza
Abençoa... A tua divina beleza
Amazonas mulheres guerreiras
Encantos, ideais
Lendas, mistérios, magia...
Delírios de tantos carnavais

UNIVERSIDADE SAMBA BOÊMIOS DO LAGUINHO

boemios_enredo

ENREDO 2010 - ÌNDIO QUE TE QUERO LINDO

COMISSÃO DE CARNAVAL: Vicente Cruz, Rodrigo Siqueira, Heraldo Almeida e Cláudio Rogério

AUTORES DO ENREDO: Vicente Cruz e Fernando Canto

SINOPSE

Índio, maravilhoso índio, boemista e feliz te quero lindo na avenida a celebrar o ritual poético do mito da criação. Veneras o Criador Supremo, cujo coração é o Sol, que com seu cachimbo sagrado sopra a fumaça criadora e poética e faz surgir a Mãe Terra, determinando, em seguida, aos sete anciãos a criação da humanidade, após uma mágica navegação na canoa sideral, que tal qual estrela reluzente, singra o espaço viajando como um guará de fogo pororocando para dar vida a Nanderuvuçu, nosso Pai Antepassado e sol benfazejo de nossos dias que vive em permanente festa.

Viaja, homem-primeiro, guardião da roça, no arco-íris imaginário e encontra tua metade, a Mãe Antepassada, gloriosa lua, que brota das águas do Grande Rio Nanderykei-cy para ser tua eterna companheira.

Sou um lindo Guará esvoaçante, em pé-de-guerra, maravilhoso índio, esvoaçante, nativo da Nação Negra, querendo, num ritual de vida, ao teu lado, como irmão natural, defender a terra que é tua por imperativo divino.

Chamas todos os guerreiros, inclusive as Amazonas, delírio de mulheres ideais, que em seus cavalos, por sua beleza, afastarão naturalmente os impostores, rogando à Mãe Natureza a benção materna.

Dança, povo da mata, que o ouro que reluz é tua riqueza concreta e lava tuas impurezas nas cascatas bentas feitas num mágico sopro só para ti.

Com tuas mãos sagradas brinca suavemente com o barro e molda teu tempo, tua história, como se fosse uma peça singular e artesanal que reflete tua alma pura que decifra o infinito.

Para ti, lindo índio, só existirão entidades do bem a te guiar mata a dentro, em lindas convenções coreográficas, como a repetir o doce molejo das extrovertidas folhas que balançam com tua presença.

Bate o pé e faz som, oh! Tupy, som-de-pé, tua gênese, e caminha cortejando as árvores, o ouro, o rio, e sobre o arco-íris viaja em sonhos cultivando permanentemente o belo.

Somos assim todos, Índios, belos, donos da terra, nação una sem segregação. Clama Nação Negra, feliz, pela união dos povos em tributo de amor à maravilhosa Mãe Terra, celebrando em tua oca carnavalesca todos os povos com o sopro mágico do Divino Criador.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

A FORÇA DAS ÁGUAS E OS BARES DO ARAXÁ

Publicado no jornal “A Gazeta” de domingo, 17.01.2010

EXIF_IMG As águas têm uma importância tão grande para a nossa região que certa vez, há alguns anos antes das mortes causadas pela violência dos tsunamis na Ásia, em 2004, imaginei, numa condição extremada, alagamentos catastróficos em Macapá causados por ondas gigantescas num futuro próximo. Como o texto foi publicado num livro meu, me perguntaram se eu tinha informações científicas sobre essa possibilidade. Claro que tudo era ficção. Mas a pororoca e as águas grandes do nosso inverno nunca deixaram de atemorizar os ribeirinhos e ameaçar suas frágeis moradias, principalmente nos lugares sujeitos às influências das marés.

araxá (1) Por causa da força das águas que iniciam neste período e que chegaram a destruir partes do muro de arrimo em alguns pontos da orla macapaense e dos estragos causados na antiga praia do Aturiá, fui verificar in loco a situação e fiquei assustado. No Jandiá, próximo do antigo Bar do Maguila enormes blocos de concreto do muro foram arrebentados pelas águas, as pedras dos gabiões de sustentação jazem na lama do mangue, fato que não permite a presença de banhistas, a não ser na maré baixa, apesar de que na maré alta também tem uns malucos que se machucam ao serem jogados no muro. O mesmo ocorre na área do Araxá, um dos lugares mais românticos e mais bonitos de se passear da orla. Ali já existiu praia. Até o início da década de 1980 o Araxá e a Vacaria do Barbosa eram pontos freqüentados por famílias, que não podendo se deslocar para Fazendinha, nelas faziam seus piqueniques aos domingos. A rapaziada se concentrava para tocar ao violão os últimos sucessos da Jovem Guarda, tendo ao redor a o riso feliz das fãs, enquanto a criançada corria na areia da enseada. Isso mesmo, na areia da praia, onde deitavam plácidas ondas que traziam sementes e mistérios do outro lado do rio-mar. Árvores enormes como as samaumeiras, soltavam suas painas no ar e sombreavam o ambiente para os primeiros namoros dos adolescentes, inundando suas mentes de poesia e o corpo de desejo.

café com leite Mas o Araxá sempre foi um belo local de concentração de banhistas, boêmios e bares. Um deles, talvez o mais famoso daquela época fosse o “Bang Bar”, nome por sinal muito sugestivo. Um outro era a “Casa da Música Popular Brasileira”, que vez por outra oferecia aos clientes belos shows de música dançante com cantores regionais. O grupo “Café com Leite”, levava samba e música romântica nas vozes de Zenaide, Sobral e Maria Tavares, acompanhados por Chico Cara de Cachorro, Zé Crioulo, Jaci, Ricardo, Fifita e Pelé. O grupo fazia muito sucesso e sempre estava lá às sextas-feiras à noite e nas tardes de domingo. No Bang Bar às vezes surgia um quiproquó para fazer jus ao nome do estabelecimento: era quando macho que era macho se escondia das balas em qualquer mesa de madeira que lhe servisse de escudo protetor. Algum tempo depois surgiu um bar de nome engraçado, situado no início da Eliezer Levy, um tal de “Xiri Molhado”, onde o pessoal ia tomar a saideira. Até quem vinha de Fazendinha encostava para um último gole porque também rolava um pagode e dava muita “cocota”, no dizer da época. Na orla do Igarapé das Mulheres, perto da feira do Pescado também existiu um bar muito perigoso, onde os freqüentadores jogavam sinuca e bebiam muito. Mas eles tinham uma regra infelizmente não muito obedecida que era a não-provocação. Só caboclo corajoso freqüentava e ganhava dinheiro no jogo no tal de “Cutuca Morte”.

EXIF_IMG Lembranças à parte, quando as águas do verão e as do inverno não atingiam tanto a cidade, porque não havia muro de arrimo e nem muito aterro nas baixadas e ressacas esses problemas não existiam. Mas a cidade precisou se modernizar e resolveram começar pelo saneamento. O planejamento dos antigos governos visava deixar Macapá com uma bela frente e com um traçado que permitisse o alongamento das vias sem o entrave das áreas alagáveis. Então milhares de toneladas de aterro foram depositados nesses lugares para compactar e dar lugar no futuro aos quase oito quilômetros de orla asfaltada que temos hoje em Macapá. Lutar, entretanto, com a fúria do rio Amazonas é lutar praticamente em vão, porque ele só é igual a si mesmo. Mesmo assim, ora a vitória é da terra ora é da água, essa mesma água que dá e tira a vida. No fim vence o homem e sua tecnologia.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

COLUNA CANTO DA AMAZÔNIA

Publicada no jornal “A Gazeta”, de sexta-feira 15/01/2010

NOVAS INSCRIÇÕES

Estão abertas as inscrições para quem quiser fazer o Mestrado Integrado em Desenvolvimento Regional-Minteg, da UNIFAP. Na primeira seleção apenas dez candidatos entraram, entre eles minha colega de trabalho Luciana Santos Ayres da Silva e minha sumida amiga Zeildes Pereira Paiva.

As inscrições estão abertas até o dia 04 de fevereiro no Departamento de Pós-graduação com a Neura. O edital pode ser acessado no site da Universidade www.unifap.br. Quem se habilitar e for selecionado vai cursar um dos melhores cursos de mestrado do Estado, com conceito bom na CAPES.

FESTA DO PADROEIRO

diocese Com o tema “São José, administrador, fiel e prudente”, a Diocese de Macapá já prepara uma vasta programação para comemorar o dia do padroeiro da cidade, dia 19 de março.

A Igreja católica pretende envolver vários segmentos da sociedade civil e organizada e fazer uma grande comemoração. Para tanto está buscando parceria inclusive com a Confraria Tucuju, que fará a programação musical na quadra da Igreja.

A procissão, que vinha sendo realizada à tarde, agora será feita pela manhã. Nesse horário os fiéis comparecem mais, diz a Diocese. Resta apenas saber se vai voltar o tradicional arraial. Muita gente ainda espera essa decisão.

MAIS VAGAS PARA MEDICINA

prof_tavares O reitor José Carlos Tavares está para lá de satisfeito com a decisão do MEC em ampliar as vagas para o curso de medicina do próximo ano. Recebeu telefonema da Secretaria de Nível Superior do Ministério que aumentará de vinte para trinta o número de novos calouros de 2011.

Tavares se prepara para a campanha de reeleição da UNIFAP, mas antes disso tem uma maratona de inaugurações de novas obras no campus Marco Zero do Equador. Entre elas a da Rádio Universitária que irá brevemente ao ar.

Muito das recentes conquistas da Universidade se deram em função de esforço pessoal do reitor. Mas alguns parlamentares amapaenses também têm contribuído com suas emendas.

Este ano novas vagas serão ofertadas ao processo seletivo para os cursos de Comunicação e de Relações Internacionais.

CONCURSO FEDERAL

O Instituto Federal do Amapá vai realizar seu primeiro concurso público. O MEC autorizou a contratação de 118 cargos, que serão distribuídos para os campi de Macapá e Laranjal do Jari, sendo 68 para técnicos administrativos – 30 para nível médio e 38 para nível superior – e 50 para professores. Os editais do concurso vão ser publicados na próxima semana.

FUNDAÇÃO DE AMPARO À PESQUISA

Foi aprovado pela Assembléia Legislativa o projeto de criação da Fundação de Amparo à Pesquisa do Amapá, que agora espera a sanção governamental.

O projeto foi elaborado pela Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia e inspirado no modelo operacional de outras fundações de amparo à pesquisa do país. Receberá o nome de Fundação Tumucumaque e será subordinada à SETEC.

FUNDAÇÃO DE AMPARO 2

A notícia foi bem recebida pelos pesquisadores da UNIFAP e recebeu o seguinte comentário do Sindicato dos Docentes: “Enfim uma boa notícia para a ciência do Amapá, a criação da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amapá. Fundação que tem por objetivo financiar a pesquisa através de editais para seleção de projetos e bolsas para pesquisadores, Iniciação Científica, etc. Esperamos que esta FAP não fique só no papel, mas que exista de fato para alavancar o desenvolvimento científico no Estado”.

AMEAÇA DE EXTINÇÃO

O Pará homologou em 2007 a lista de espécies ameaçadas elaborada pelo Museu Goeldi, a CI e a SEMA-PA, com apoio de especialistas. Foram reconhecidas como ameaçadas 181 espécies, das quais 128 foram classificadas como vulneráveis; 40 em perigo e 13 criticamente em perigo. A lista inclui 53 espécies de plantas, 37 de invertebrados, 29 de peixes, três de anfíbios, 13 de répteis, 31 de aves e 15 de mamíferos, a qual está disponível no site: www.sectam.pa.gov.br/relacao_especies.htm.

Há um ano o Estado criou por decreto o Programa Extinção Zero, que reconhece todas as categorias de ameaças incluídas na lista e recomenda que todas as espécies ameaçadas de extinção tenham suas distribuições mapeadas, a fim de identificar e delimitar áreas críticas para a biodiversidade.

E aí SEMA-AP, o Estado tem algum projeto semelhante ou ainda não precisa?

ZUNIDOR

Escritores Paulo Tarso Barros e Manoel Bispo estão empenhados em fechar a antologia de contos a ser editado com o patrocínio do Governo do Estado. Fazem a revisão e o acompanhamento do trabalho de impressão para não deixar acontecer os erros da antologia de poesia, lançada em novembro.

acai “Açailatras”, que se cuidem o “yasa’i”, a fruta que chora, em Tupi, está cada vez mais caro, ficando entre oito e dez reais o litro.

 

Pereirinha, presidente da LIBA animado com a dinâmica do carnaval. Os membros votaram a favor da mudança no regulamento: agora o carro abre-alas e o mascote dos blocos podem vir com rodinhas.

boemios Muito boa a roda de samba que os Boêmios vêm fazendo às sextas-feiras depois do ensaio da Bateria “Pororoca”, na sua sede na Avenida General Osório. Mais uma opção no bairro da Nação Negra.

biblioteca_igreja A obra de reforma da Biblioteca Pública Elcy Lacerda está “devagar, quase parando”. Parece que falta recurso financeiro para reiniciar o trabalho, inicialmente previsto para terminar em março.

Na próxima semana inicia o projeto “Teia Cultural” da SECULT com a instalação de oficinas de Marabaixo, Batuque, dança e artes plásticas.

Vem aí o livro “Adoradores do Sol”.

Inderê. Volto zunindo na sexta.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

APELIDOS DO LAGUINHO E OS LUGARES DA MEMÓRIA

   

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Poço do Mato, no bairro do Laguinho em 1978. (Acervo Fernando Canto)

Atendendo pedidos vou colocar aqui alguns apelidos que me lembro de personagens reais do bairro do Laguinho, do meu tempo de adolescente e de outros mais atuais. Não vou relacionar os nomes a eles porque isso dá uma bronca... Alguns eram verdadeiras figuras, como Júlio do Libório e Falconery. Botecos como Pau da Marreca, Tabelão, Bar do seu Augusto, Bar do seu Felipe, Boteco do Pelaes, Casa do Samba, Casa do Ezequias, Supermercado Cobal, Bar do Ronaldo Abreu, Bar Barquinhos, Bar do Louro, Bar do Jaime da Sede dos Escoteiros, Bar do Dário, da dona Mocinha, Gávea do Ceará, Balainho da Gilsa e Cachoerinha faziam par com lugares alcunhados de Banco da Amizade, Poço do Mato, Poço da Boa Hora, Morro do Sapo, Casa das Princesas, Japonês, Campus Avançado, Açougue do seu Adelino, Casa das costureiras do Boêmios – Dona Felícia, Casa da Fátima dos Piratinhas, Casa da mãe do Pedro, Amassadeira do Ramiro, Rua de Lazer da São José, Escola do Mestre Oscar, Massagem da Dona Cunhã, Escola Azevedo Costa, Ginásio de Macapá, Colégio Amapaense, Barão do Rio Branco, Casa do Sacaca, Boi do seu Gabriel, Uirapuru do Chefe Humberto, Boi Malhadinho, Mercearia do seu Antonio, Restaurante do seu Domingos Tupinambá, Táxi do Menezes, Oficina do seu Meirelles, Oficina do Bala, Oficina do Nildo, Oficina do Taco, Clã Liberal do Laguinho, Sede do Sete de Setembro, Ladeira da São José, Campo dos Escoteiros, Sede dos Escoteiros, Hully Gully, Campo do São Benedito, Ide e Ensinai, Centro Espírita da Nações Unidas, Casa do Paulino Ramos, Casa da Dona Biló, Dominó do João Grande, Campo do América, Boêmios do Laguinho e Centro Folclórico da Praça Lélio Silva (que possivelmente foi queimado por moradores do bairro), Time do seu Milton Corrêa, Guarani, Piratas Estilizados, Bloco Kubalança, Unidos da Mãe Luzia e a vizinha de vida efêmera Escola de Samba Quilombo dos Palmares, lá do Pacoval.

Vejam só os cognomes: Agostinho Bafafá, Saci, Vaca, Galóia, Bibelô, Diabo Assado, Plancantã, Vinte e Cinco, Bababá, Macunaíma, Gilberto Cara de Galinha, Coronel, Peba, Pedro Buchinha, Bala, Pepéua, Bolinha, Orlando Curru, Zé Maria Vaca Preta, Charuto, Doidelo, Mago, Cururu, Sandulu, Macaco, Barriga de Lama, Café, Bosta Choca, Pavão, Paulinho Cara de Frango, Perigoso, Malcriado, Bolão, Queimado, Badeco, Lalu, Boca Xôxa, Bodego, Rato Branco, Bem-te-vi, Nega Biluca, Maria Maracajá, Pelhudo, Sapatão, Espirro, Minhoca, Rato, Ratinho, Palito, Vasquinho, Badi, Cobra Andada, Boto, Careca, Gato, Neném, Bufu, Bomba D’Água, Neck, Maré Mansa, Canibal, Gaivota, Gladiador, Doidelo, Urubu Balado, Pinguim, Guitinho, Kipilino, Bonequinha, Pombo, Farroz, Jacaré, Girafa, Manoel Cavalo, Zebu, Padre Cumão, Padreco, Carachué, Cangaceiro, Major, Pé da Gata, Galo, Baiô, seu Camaleão, Pneu, Colombiano, Maria Piçarra, Cará Voador, Colher, Fanho, Mansuda, Batatão, Jamaru, Carudo, Periquito, Quati, Ustra, Pivide, Pororoca, Carlos Preto, Mestiço, Mão de Vaca, Onça, Chocolate, Crim, Batoré, Cascalho, Beim, Beiço, Macaco Pennafort, Doutor, Mujoca, Querosene, Boquinha, Macaca Prenha, Bode, Amistrong, Pitoca, Sacaca, Cabeludo, Cereco, Mutum, Pistoleiro Bossa Nova, Lapiseira, Luneta, Roxinha, Peito de Pombo e Maria Boa de Tudo.

Quem souber de mais alguns(apelidos ou nomes de lugares) por favor, mande um comentário acrescentando.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

DOIS POEminhas mios



                A escritora Lia Luft diz que “o start para escrever é um risco, uma visão, um sonho que deflagra o inconsciente e nos leva a produzir”.             
1.           P(ÊTRE)O
O eu-perplexo
Me percebe
Pétreo
Em teu semblante
Lentes-óculos-escuros

Pelos cabelos
Cinza-claros
Na gola do blazer
Eu, cedo,
Me conheço unha e dedo
E me acendo
Em fogo brando
2.           FogÁgua
O fogo do amor
Desce sobre mim
Como incêndio
No cerrado
No mês de setembro

A água do amor
Cobre-me de paz
Como essas marés
Que me banham
Em dias que não deslembro

O GARÇOM AZARADO

ray_cunha Ray Cunha mostra sua veia humorística neste conto do seu último livro “O Casulo Exposto”, Brasília,L.G.E.,2009. É a história quase inverossímil de personagens urbanos sujeitos às loucuras da urbe, produtos dos desvarios humanos sob o capital devastador.

Pode dar o cano quem quiser porque não vou mais correr atrás de ninguém

Não havia sido um dia de sono restaurador para Amarildo Teixeira. A periodontite o torturava, de modo que passou o dia em claro. Foi trabalhar azedo. Era garçom no Chorão da Asa Norte.

Lá pelas seis horas da tarde apareceu uma cliente, uma senhora elegante, trajada com sapatos altos de couro preto, meias e vestido também pretos. Bonita, de belos cabelos negros, quase longos, era patente que estivesse de luto, pois acumulava duas alianças no dedo anular esquerdo. Pediu o cardápio e passado um momento perguntou se a caldeirada de frutos do mar dava para duas pessoas.

- Dá para quatro, senhora - informou o garçom Amarildo.

- Traga, então.

- E para beber?

- Nada. Fico sempre muito cheia quando bebo alguma coisa durante o jantar.

Naquela hora não havia quase ninguém no Chorão. Estava tudo silencioso e agradável. Tudo bem arrumadinho, à espera da turba que não demoraria a chegar noite afora. Depois que o garçom Amarildo serviu a caldeirada de frutos do mar, pôs-se a observar a mulher. Estava desconfiado de alguma coisa. Não sabia bem de quê. Ela pediu bastante pão francês e Amarildo serviu-lhe quatro pães. Um, ela comeu num relâmpago. O impressionante é que a caldeirada dava mesmo para quatro pessoas normais e ainda sobrava. Era uma terrina enorme, cheia de um caldo cheiroso e saboroso, com grandes pedaços de peixe, moluscos e toda sorte de crustáceos. Amarildo Teixeira não acreditou no que viu quando ela o chamou para pedir a sobremesa. A terrina estava seca, o arroz e o pirão foram devorados e os pães sumiram.

- Queijo com goiabada! - ela disse.

O garçom Amarildo ficou confuso. Foi buscar a sobremesa. Quando voltou, a bela viúva sumira. Amarildo correu para a rua e ainda pôde ver o vulto na esquina, iluminado pelas primeiras luzes da noite. Não pensou duas vezes. Saiu no seu encalço. Ao alcançar a esquina, a mulher estava à sua espera e atirou-lhe uma pedra na cabeça. O garçom escorregou e caiu. Levantou-se. Ela desaparecera. Amarildo Teixeira voltou para o restaurante. A pedra fez-lhe um galo. “Ainda bem que não foi na testa” - pensou, apalpando o calombo no lado da cabeça. “Não vou nem contar essa. Ninguém vai acreditar. É melhor não contar. O pior é que eu vou ter que pagar a conta daquele animal; me deu o cano e quase quebra minha cabeça. Como é que pode?”

De volta ao Chorão, Amarildo Teixeira foi ao banheiro. Muita gente havia chegado e o gerente estivera atrás do garçom. Quando Amarildo saiu do banheiro havia um sujeito numa das mesas de sua responsabilidade. Um sujeito grandalhão, um verdadeiro mastodonte, olhando atentamente o cardápio. Aproximou-se cautelosamente.

- Escute aqui, meu jovem, esta caldeirada de frutos do mar dá para duas pessoas? - perguntou.

- Dá para quatro - disse Amarildo Teixeira.

- Quero uma. Traga logo uns pãezinhos até chegar a caldeirada.

“Não é possível que esse cara saia correndo também. Não acredito! Até porque não agüentaria correr com esse corpanzil” - pensou Amarildo, levando quatro pães franceses para o freguês.

- Putz, ô meu, só isto? Traga uns dez - pediu-lhe o homem, passando manteiga num deles e comendo-o em duas bocadas.

Amarildo Teixeira serviu a terrina de caldeirada olhando fascinado para o homem. “É um animal de bruta raça” - pensou.

O freguês era bom de boca. Em pouco tempo não restava mais nada na mesa que pudesse ser comido.

- Ô, meu, queijo com goiabada! - disse o homenzarrão.

O garçom Amarildo foi buscar o que o sujeito pedira. Serviu a sobremesa; o tipo devorou-a em segundos e pediu outra. Após comer quatro porções de queijo com goiabada o gajo não deu tempo para nada. Ergueu-se subitamente da mesa e partiu para a porta, ganhou a rua, e correu em direção à Avenida W3 Norte, com Amarildo Teixeira atrás. Mas o freguês tinha fôlego de peso pesado. Alcançou facilmente o calçadão da W3 Norte, onde estacou abruptamente. Amarildo aproximou-se dele e recebeu um cascudo na cabeça que o fez cambalear e cair. Levantou-se e retrocedeu. O brutamontes partiu para cima dele. Alcançou-o e lhe deu uma rasteira, fazendo o garçom se acabar na calçada. Levantou-se às pressas e correu o quanto pôde para o Chorão. Quando se sentiu em segurança olhou para trás e viu o mastodonte atravessando lentamente a W3 Norte. Olhou para si e viu que ficara bastante estragado.

- Aquele desgraçado quebrou a minha cabeça só com um cascudo. Acho que tinha um pedaço de ferro na mão. Agora vou ter que pagar duas caldeiradas de frutos do mar e mais quatro sobremesas - choramingou. - A melhor coisa que eu faço é ir embora para casa.

Mas Amarildo não pôde ir embora, pois faltaram três colegas seus e na sua ala havia dois esgalamidos querendo caldeirada de frutos do mar.

“Droga, droga, droga” - disse de si para si, e foi buscar a primeira terrina, decidido a não correr mais atrás de ninguém, nem que tivesse que pagar a conta com sua poupança na Caixa Econômica Federal.

Belém do Pará, 1996

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

ESTRADA DO TEMPO


        Foto do conjunto musical “Os Mocambos”, tirada, como se vê, no baluarte de Nossa Senhora da Conceição da Fortaleza de São José de Macapá, em 1973. Os músicos, com exceção de Hernani Guedes (dono do conjunto e violinista) e Guimarães (Saxofonista, tecladista, arranjador e multiinstrumentista) pertenceram à quarta geração do grupo. Da esquerda para a direita estão Hernani Guedes, Guimarães, Fernando Canto (guitarra base e vocal), Aldomário Henriques (Guitarra solo e vocal), Zé Maria Teles (contrabaixo), Tito (Cícero) Melo (voz) e Pedro Balieiro (bateria). O conjunto se preparava para gravar o primeiro LP feito em Macapá, nesse ano, denominado “Marabaixo”, que trazia seis músicas desse folclore e seis músicas de autoria de compositores do grupo.
        “Os Mocambos” foram pioneiros na divulgação do folclore amapaense, graças à visão do seu Hernani Victor Guedes, que não mediu esforços para realizar o disco, apesar dos percalços desde a gravação (feita de forma simultânea com todos os instrumentos e vozes, na casa do sociólogo e fotógrafo Alberto Uchôa) até a chegada no Recife, onde a fita foi filtrada pela gravadora Rozenblitz, depois de ficar perdida. Bom, depois de achada o disco chegou a Macapá e obteve muito sucesso nas rádios, aparelhagens de som e nos bailes. Suas músicas, que tocavam até no “Carnê Social” (aquele programa que oferecia músicas aos aniversariantes e recém-nascidos, aos que casavam ou aos que eram batizados), até hoje ainda rolam por aqui.
        Quando o disco foi posto à venda eu estava morando em Belo Horizonte, pra onde me mandaram um exemplar que escutei afoito. Por lá eu soube do sucesso de “Devaneio”, de minha autoria, que também foi premiada em segundo lugar e melhor Intérprete (José Maria Santos, hoje Jomasan) no IV Festival Amapaense da Canção (1972).

DEVANEIO (letra e música de Fernando Canto)

Colorido
É um sonho em preto e branco
onde a gente não percebe
o equilíbrio de uma cor

Colorido
é voltar do paraíso
mergulhado em turbilhão

Girando, girando
Descobrindo a solidão

Porém
meu mundo é riscado
Por lápis, facas e aviões
Viajo em devaneio
Nas trevas, penumbra e na luz

Sempre montado nas nuvens
Que dissipam quando caio
Num solo de algodão
Ah! que se transforma em lama
Levando todo meu lixo
Para o esgoto longínquo
Cheio de podridão

Ah! Meu sonho
Meu sonho colorido

Risco o céu, risco o mar
Risco o mundo e o infinito
Risco o amor, o papel
Risco o mapa e sentimentos

PEIXE TIRADO DA TELA DO FUNDO DO AQUÁRIO



        O poema de José Edson dos Santos (Joy Edson) é o resultado das experimentações que o poeta vem desenvolvendo há muito tempo. Um trabalho cheio de êxito no que se refere às imagens memorizadas de quadros de artistas geniais, como Paul Klee. Edson escreve com o olhar. Olhar que transpassa o vidro do aquário na observância de uma tela real ou de um viveiro de peixes – moradia de sonho e de pesadelo.
       José Edson nasceu em Macapá em 26 de maio de 1955 e encontra-se em Brasília desde 1974. Arte-educador, trabalha no CEAN/Asa Norte. Publicou “Xarda Misturada”, com Ray Cunha e José Montoril (1972), “Latitude Zero” (1980), “Bolero em Noite Cinza” (1995) e “Ampulheta de Aedo” (2005). Livros inéditos “Uva Vulva” (poesia), “Loucura pouca é bobagem” (teatro) e “A anta e o violinista”. Participa de diversas antologias, como “Em canto cerrado”, “Aguagonia”, “27 porretas” e “Deste planalto central – Poetas de Brasília”, organizado por Salomão Sousa, Brasília, Thesaurus Editora, 2008. Os poemas abaixo estão no livro “Deste Planalto Central”.

O PEIXE DOURADO
Mar abissal subaquático
O peixe dourado de Paul Klee
Ilumina a cor da poesia submersa
Âmago amarelo brânquias
Nadadeiras
Cauda escarlate
Olho vermelho no anzol

Luminoso peixe
Feixes por entre plânctons
Algas selenitas cartilaginosas
Nenúfares da penumbra sensitiva
Peixinhos encarnados fogem
Do mistério que espreita
Mundo submarino natatório

Domínio da flor do abismo
Quebranto cor-de-sangue
Perscrutando grade olho
Aragem atlântica da fertilidade
Espanto azul no escuro do mar
Profundo púrpuro da cor
Sob peixe laser que brilha

Sombra obscura azulina-violácea
Aquarela aquática watercolor
Matizando origem da vida
Respira signos e cores análogas

O peixe dourado irradia mistério
Klee reinventa marinho estrelas do mar
Sargaços oceânicos do ser
Como criaturas da noite das águas
Onde dorme um azul aceso e inquieto

SOL BARDO
       Neste poema José Edson realiza outro exercício mnemônico, enclausurando um tempo macapaense à beira do rio Amazonas. Um sol poético e um jeito metafórico de volver ao vento que viaja desde o oceano balançando as árvores dos quintais da Vacaria do Barbosa ao Trem.
Depois do abacateiro
Beliscar teu céu
Conjugação dos elementos
Siderais do firmamento
A estrela do norte riscou
O silêncio do verso do avesso

Rumor do rio da infância
Preamar no olhar caboclo
Louca expiação da indolência
Engendrando flor de tucumã

Teu cheiro de pupunha no cangote
Engasga a boca de saudade
No decote aberto da manhã

Tosca vaidade de vampiro
Tatua signo secreto
Desmontado no vitral das horas
Ao resfolegar de um fagote
Sob sol bardo
Empapuçado e
Enfartante

QUATORZE DE JUNHO
        Poesia pura. No quase-escuro da cidade grande, velhos lobos dos bares adoçam a presa fácil. Também está no “Deste Planalto”

Fogos de artifícios
Iluminam a noite
Nas mídias dos edifícios

Acende a velas Ivan
Na nave dos quarentas
Quem ostenta barba por fazer
Demora desmemoriar minas

Traça o chocolate inteiro
Enquanto a cerveja chora

Se nunca viste um duende
Pede alpiste ao Silibrino
Ele te ensina o hino
Da insensatez
Na tez

Na idade dos lobos vorazes
Há necessidade de jugulares tenras

Acende a vela e
Não sopra
O vento está a favor