sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Alguns dias após o show

Escritor Osvaldo Simões Do blog Oswaldo Simôes (www.o-siomoes.blogspot.com)

Show Musical Encantaria – Grupo Pilão - dia 07\12
Ainda pairam sobre minha cabeça as imagens. Nos ouvidos o som dos tambores: carimbó, batuque, marabaixo e bois. Os sons vieram através de um pilão, alias, não de um pilão acessório de cozinha, instrumento de pilar, mas, de um grupo intitulado de pilão.
O grupo comemorou seus 35 anos de vida musical. Parece até que foi hoje, quando os três rapazes do morro do sapo (Fernando, Bi e Juvenal), se apresentaram no palco extinto da radio difusora em um festival da canção, onde defenderam a composição Geofobia (Fernando Canto e J. Monteiro).
A cantiga não foi à vencedora do júri oficial, mas, os piquenos do morro tiveram seus nomes assentados no coração e nas cabeças dos amantes da boa composição. Como se isso não bastasse, na ocasião os meninos utilizaram como instrumento de percussão um pilão. Pediam a todos que socassem paçoca pra gente comer, desembuchando o medo com cachaça “vê se acha cachaça pra gente beber”.
O medo da terra ficou em algumas cabeças. Nas cabeças dos meninos ficou a certeza que poderiam descortinar novos horizontes amapaenses, quando das suas manhas nubladas. Assim cresceram os meninos, que dos campos do America, Azevedo Costa chegaram dia 07\12 ao centro da UMA, e lá soltaram o canto construído em 35 anos através de um grupo já denominado\consagrado Pilão.
O grupo cantou musicas que embalaram outrora sonhos de crianças, as quais hoje adultas dançaram em pé com pés nos campos do laguinho. Falo porque vi filhos de integrantes (ia esquecendo os integrantes hoje são seis) no show dançando e, tenho conhecimentos que muitos (integrantes) ensaiaram suas gargantas nos punhos da rede de quando acalantavam seus rebentos...
Mas fiquei impressionado com cantar do grupo Pilão. Trouxeram roupas de negros antigos-saco-de-açucar como túnicas e um pedaço de pano nos ombros, trouxeram na verdade toda a inspiração que carregam em seus corpos. Cantaram, encantaram matinta pereira, acordaram a cobra que dorme sobre tumucumac, dançaram o Cuatá, invocaram a catirina através do som do boi e dentre tanta e por não satisfeitos cantaram e rezaram a folia de São Raimundo do São Pedro dos Bois...
Os piquenos do Pilão são danados. Não se acomodam em lugar nenhum. Vivem escarafunchando sons e fazeres de um povo que ainda clama por ser reconhecido em seus cantos e encantarias... Por isso, até agora ronda minha cabeça o som desse grupo. Parabéns a todos que foram ao centro de cultura negra... E a todos que fazem o Grupo Pilão.
Em tempo: o único pecado cometido foi o pequeno numero de musicas apresentadas. Em se tratando de show em comemoração aos 35 anos, deveriam cantar umas 40 musicas recortadas por causos vividos-contados. E o apresentador que pensei ser um maestro, mesmo assim a ele também parabéns!

Um comentário:

  1. Muito legal esse comentário de Oswaldo. Sem dúvida, o Pilão é uma referência na música amapaense.

    Nos Estados Unidos, grupos como esse são valorizados e amados por gente como Bob Dylan. Mas aqui!!! Bem.... essa é uma outra triste história.

    Longa vida ao Pilão!!!!!

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