sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

São José de Macapá – Roteiro Poético Parte III

Livro_

Autor: Fernando Canto
Ilustrações: Chikahito Fujishima

CÂNTICO 44º

Êita! janelas abertas

frutificação genérica

do falar que poetizo

por teu povo

apenas por nós

tralhotos da flor d’ água

candirús famintos desses Araxás

longas samaumeiras viris

atravessando os séculos.


 

CÂNTICO 45º

É aqui que cristalizo

fome e madrugada

fartura e um sol tangente.

Todas as vezes antes do cantar

do galo

eu ralho

eu ralo

gargantas de doces cordas

e solto as vozes presas

nesse tempo passional – ó flor.

0019

CÂNTICO 46º

Ontem olhei um pote

de visagens e um cemitério

de águas

no teu gesto dominical.

Encontrei no resto transeunte da tarde

um cantar prolixo de verde

abundante como a água do teu rio.

 

CÂNTICO 47º

Há em meu olhar um mundo

infantil de muitas lendas

desde a prenda atávica de minha gente.

Cidade encantada – eu por aí...

vendendo tuas notícias

gazetando aula.

Como eu, tu gesticulas

braços e baías

beijando

balanceando

barcos de bubuia

e o navegante antônito.

0020

Cântico 48º

Doce profusão da natureza

quando carregas presas

troncais

gigantescas

em um milhão de anos

depositando com a maré

um mundo de detritos

e gritos

vindos do fundo d’ água.

 

CÂNTICO 49º

Eu e tu somos perenes

como línguas que apelidam tua presença.

A predestinação de minha (e tua) angústia

flui fácil e fóssil, Maca

Paba

Pedra

pira/paz – parlenda.

0021

CÂNTICO 50º

Prósperas matizes de esperança

tomam conta de tuas avenidas

mangueirais e acaciais arbustos

arvorais.

Lá vamos nós de passo em passo

desfilar um berro novo por aí

desanuviando a fantasia da dor

e se entregando à ginga do batuque

antes de viajar em vigilengas

de taboca

e referendar a ausência do temor.

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