terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

VISTA AÉREA (HOMENAGEM À MACAPÁ)

Letra: Célio Alício/Música: Beto Oscar
macapá_ Manhã de aurora e brilho cálido
De um novo dia sob o Sol, por entre o véu
Da nave louca, doce moça, tu cidade
Jóia rara do quintal da Amazônia.
Do alto espio o tempo, a chuva, o anel da tarde
Num vôo rasante e lento, as asas de Pinzônia
De cima, enquadro tua anatomia
O meu remédio em teu mistério
O que te move e me vicia.
Contemplar-te o panorama
Nas matas de Pindorama
A costa norte, o anel da sorte
Teu negro olhar, tua alquimia
Das nuvens estacionadas no horizonte
Bebo da tela bucólica das enseadas
A tua gente, a tua alma
O rio gigante, o curso d’água
Quem te ama e quem te mata
Quem te cuida ou te maltrata
Bêbada noite, órbita do meu planeta
Ladrilhos e mosaicos nas gravuras dos cometas
No chão amarelado nessa festa, desta feita
Ensimesmados que te entendem
Desassombrados em tua receita
Ó mãe do meio do mundo inteiro,
Olhai teus filhos no terço primeiro
Estação Bacabeira, teus pretos te amam
Morada primeira, ameríndios te chamam
A chuva cinza se condensa e precipita
Na cavidade do sorriso, prima gesta
Via-L’Afritea, Macapaba prometida
Eis que, linda, só deslindas minha festa.
Júpiter-Ambé, Abaca-Marte da Pedreira
Mer-Curiaú, me batucas noite inteira.
Mar-Urano-Anum, feitiço das vilas
Soltas horas, vozes roucas, volta e meia
O rio-mar de têmpera e guache
O barro sagrado no chão de bom grado
Alinhando tuas casas à luz das estrelas
Refletindo no azul o solar das palmeiras.
Vista aérea, meninos alados
Ornamento de linhas, assoalho das aves
Abençoadas margens de igarapés de asfalto
E agora olha, e, então, vê
A tua face espelhada nas estrelas,
Bem pra adiante, o coração andante
No teu futuro refletindo essa grandeza.
Ao léu da sorte, no cais da vazante
Ao mar abaixo das caixas
Tens aberto o horizonte
Entre a lida e a morte
E o final de anteontem.
Palpitando em versos a tua gentileza
Entre a canoa e os carros,
O bálsamo, o cigarro
A corrente que espalha a tua beleza
Embala meus versos a firme certeza
De que um mantra de amor
Anoitece e adormece
A tua cândida natureza.

4 de fevereiro de 2011 12:25

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