sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

ANIVERSÁRIO DO PROFESSOR MUNHOZ: 80 ANOS DE IDADE E 800 MIL KM DE ANDANÇAS NO PLANETA TERRA

Eu e o Professor Munhoz no Teatro das Bacabeiras, em 2004

Chegada em Caiena, com parte da delegação
Em Caiena, momento do Festival


Em Caiena
 Aniversaria neste dia 10 de fevereiro o ilustre professor Antônio Munhoz Lopes. Com tanta jovialidade na cabeça parece não fazer 80 anos, mas uns 800 mil quilômetros de andanças sem se cansar. Munhoz é quase onipresente na cultura amapaense. Graças a ele muitos talentos artísticos foram revelados, sem contar os políticos e profissionais que passaram por sua mão, pelos seus ensinamentos. Ele costumava despertar o encanto em seus alunos quando revelava detalhes das visitas que fazia anualmente aos museus e cidades de todo o mundo.

O professor de quatro ou cinco gerações jamais se cansou de ensinar. Mesmo nas rodas de conversas fiadas sempre ele achava um jeito de instruir as pessoas com aquela sua conversa que inevitavelmente terminava na expressão do lente mais exigente: “- Tás ouvindo?” Pura-quase-puxada-de-orelha, nunca uma advertência, talvez um costume linguístico. Deixava claro que ensinava até sem querer. Depois vinha aquela risada gostosa que se espraiava e contaminava os demais com seu humor profuso.

Fui conhecê-lo melhor quando fomos do Conselho Territorial de Cultura, lá pelos anos 80, membros das Câmaras de Meio Ambiente e de Letras Artes. Com ele reforçou em mim a ânsia e a vontade de assistir mais filmes, ler mais livros, produzir e crescer mais e ganhar as estradas do mundo, nessa barca incessante que passa à nossa frente carregada de conhecimento.

Crítico de arte ferrenho, quando gostava de trabalhos artísticos, fossem eles pictóricos, literários, musicais ou teatrais, falava entusiasticamente. Quando não, entrava em um mutismo escondido num sorriso para que o artista percebesse as razões da sua própria mediocridade. Mas sempre foi um incentivador de talentos. Isso ele ainda é.

Não fui seu aluno na rede pública, mas assisti a suas aulas em cursos exclusivos de História da Arte que ele ministrava eventualmente na escola de Arte Cândido Portinari, da qual fui diretor. Em 1986 participamos juntos do “Festival du Plateau des Guyannes”, que reuniu todos os países do norte da América do Sul, em Caiena, com manifestações artísticas e culturais de uma diversidade e riqueza inesquecíveis. Sônia e eu apreciamos o seu conhecimento gastronômico e a sua simplicidade em provar e comer comidas exóticas e estranhas ao nosso paladar. Ele representava ali, a expressão intelectual do Amapá. E muito nos orgulhamos, pois falava fluentemente o francês e o espanhol, entendia o holandês e o inglês e assim nos ajudava na comunicação.

O professor Munhoz é um homem consciente de sua condição. É um defensor das causas amapaenses, um tucuju sem flechas, pois não ataca ninguém. É um homem de diálogo franco, um ser humano iluminado e sensível, tolerante até com aqueles que tiveram a desenobrecida atitude de um dia lhe tratarem mal. Por isso, neste dia 10 de 2012, queremos homenageá-lo mais uma vez e agradecê-lo pelos ensinamentos e conversas agradáveis que tivemos ao longo do tempo que dura a nossa amizade. Eu e Sônia. E toda a nossa família. “- Tás ouvindo, Munhoz?”

Presentes de Munhoz - Telas de Fúlvio Giuliano, em crayon.
 P.S. Dentre as qualidades do professor Munhoz note-se a sua grande generosidade. Daqui eu gostaria de reiterar meus profundos agradecimentos pelas duas telas em crayon que dele recebi de presente, de autoria do padre-pintor Fúlvio Giuliano, feitas na década de 1960. Esses trabalhos certamente enriqueceram meu acervo pictórico.
Foto do Acervo cedido por Ronaldo Bandeira.
P.S. 2. Quando fechava estes textos, um amigo, ex-estudante do CA me contou que certa vez o professor Munhoz dera a um aluno pouco estudioso de sua disciplina (Português) uma nota baixa. O aluno reclamou e o professor ficou de rever a prova, dizendo que se não encontrasse nada para alterar, manteria a nota. No dia seguinte, andando pelo corredor e na presença de vários estudantes, Munhoz ouviu do aluno a pergunta: - Professor, o senhor “manteu” a nota. Munhoz respondeu: - “Manti”. E todo mundo caiu na risada.

2 comentários:

  1. Toda homenagem ao Professor Munhoz é pouco. Valeu Fernando, a sua foi simples é eficiente.

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  2. Fernando, bom dia! Tenho passado horas semanais bem junto do Prof. Munhoz e, por isso tstemunhado muitas coisas bonitas a ele acontecidas, mas dentre elas as que mis me alegram e até emocionam são as homenagens, as manifestcões de respeito, o reconhecimento que voces, ex alunos, demonstram a ele e por ele. Parabenizo mais voces, ex alunos, que a ele, propriamente. Essa que acima vocelhe presta é das que comovem e emocionam. Lutemos Fernando, nos empenhemos o que pudermos para que mis adiante também nós tenhamos os nossos respeitadores.
    Um abraco Fernando.
    Obs: Os anjos sabem que está muito longe o dia de "çanto".

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