sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

CARTAS DO PROFESSOR ANTONIO MUNHOZ LOPES

Tela Pe. Fúlvio Giuliano (Acervo Fernando Canto)

Macapá, 09 de junho de 2007
Caríssimo Tito(*):
Estou triste, pois acabo de perder um grande amigo: num hospital de Gênova, morreu o padre Fúlvio Giuliano. Conheci-o quando chegou aqui no dia de São Pedro, em junho de 1962. Numa entrevista ao “Correio Popular” em 19 de outubro de 1985, confessou que foi em Santana, “o primeiro chão brasileiro em que pisei”.
Na travessia para o Brasil, que durou 16 dias, pintou diversas telas em pleno Oceano. Em 1963, lembra do convite que fiz para que participasse do I Salão de Artes Plásticas do Amapá, levando-o também ao I Salão de Artes Plásticas da Universidade do Pará, recebendo Menção Honrosa com a tela “Arraial de Nazaré em Macapá”, hoje perdida. Também participou do II Salão, em 1966, com apenas duas telas, incluindo um magnífico “São Carlos”. No III Salão, cujo vernissage foi em 13 de setembro de 1967, ele contribuiu com três obras: “Escada de Jacó”, que pertenceu ao Dr. Marcelo Cândia, e hoje faz parte da minha coleção, “Lava Pés” e “Passagem do Mar Vermelho”. Também marcou presença no I Salão de Artes Plásticas do Colégio Amapaense, com 14 quadros da Via-Sacra.
Um ponto alto foi a retrospectiva que fiz da sua obra no então Conservatório Amapaense de Música, onde eu era o diretor. O primeiro quadro que pintou para mim, uma das maravilhas do meu acervo é o “São João Crisóstomo”, depois vindo o “Santo Antônio”, de 09 de dezembro de 1983, presente dos alunos do Seminário São Pio X, onde fui professor.
Outro quadro maravilhoso é o ícone “Redemptoris Mater”. Inesquecível, por ser único é o “Auto – Retrato”, pintado em Nervi, no dia 06 de abril de 2004, é como ele diz no verso: “Doado ao amigo professor Antônio Munhoz Lopes”.
Também não se pode esquecer “O desastre”-, de 1963.
Na última foto que mandou, na carta de 14 de maio (último), aparece com o tríptico do Batistério para a nova Catedral. E me diz: “Como falei nas cartas anteriores, as forças para trabalhar vão cada vez mais diminuindo”. Numa outra, afirmava: “Depois que regressei do hospital, não sou mais o mesmo de antes”.
Embora levasse uma vida santa, de oração e trabalho, como artista era também sonhador, acreditando que a beleza salvará o mundo.
Antônio Munhoz Lopes
(*) Tito Dominguez Nuñez

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