sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

CARTAS DO PROFESSOR ANTONIO MUNHOZ LOPES 3


Macapá, 28 de setembro de 2011
Fernando:
Duas cidades em Portugal pelas quais já fui apaixonado: Évora, a “Ebora Cerealis”, dos romanos, com seu Templo de Diana, hoje em ruínas, edificado no ponto dominante da acrópole no início do século III, e onde voltei recentemente para ver a exposição do amigo Rouslan Botiev, tendo por tema Fernando Pessoa. A outra, chamada de Vila das Rainhas de Portugal, é Óbidos, cujo topônimo, dentro de suas muralhas.

Infelizmente, até hoje, embora tenha feito todo o possível, não consegui hospedar-me no seu castelo, convertido em pousada. Mas a cidade toda é um museu, além de pura História, tendo sido no século XII que passou do domínio muçulmano à posse cristã, sendo D. Sancho I o rei que ordenou a igreja de Santiago do Castelo. Bem conservada através de restauros, das seis portas e postigos abertos na cintura das muralhas, merece atenção a chamada porta da Vila, em sua capela-oratório, varandim e o revestimento de azulejos azuis e brancos do século XVIII, como se pode ver na foto tirada na manhã de 09 de junho de 1967, onde estou com Lúcia Silva, na minha primeira viagem de Velho Mundo.

A Rua Direita leva à Praça de Santa Maria, onde um pelourinho manuelino tem como decoração uma rede de pesca, emblema de dona Leonor, mulher de João II. O emblema é em honra dos pescadores que tentaram salvar seu filho do afogamento. A Igreja foi cenário do casamento do futuro Afonso V com sua prima Isabel em 1441. Ele tinha 10 anos e ela 8. No coro da igreja, um retábulo de Josefa de Óbidos representa o Casamento Místico de Santa Catarina. Segundo José Hermano Saraiva, existiu em Óbidos uma povoação romana, tendo as suas ruínas surgidas há alguns anos, quando se trabalhava nas obras da autoestrada. Foi a rainha Santa Isabel, com tantas realizações aquela que mais foi privilegiada pela memória da cidade, embora não sendo esquecidas também D. Inês de Castro, D. Leonor Teles, D. Leonor, fundadora das Misericórdias e D. Catarina, que pagou o aqueduto. Óbidos vale visitas que depois se tornam inesquecíveis.
Antônio Munhoz Lopes

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