sábado, 12 de maio de 2012

DONO DE CABARÉ


         Depois de receber uma bolada do PDV do Governo Federal, onde trabalhou por quase 20 anos, Zé Ramos não sabia nem como nem onde investir o dinheiro. Mas queria ser comerciante. Como também era boêmio inveterado, frequentador de inúmeros botecos, bares e lupanares, alguém lhe falou que um cabaré estava à venda no subúrbio da cidade. A ideia de comprar um estabelecimento comercial já pronto despertou-lhe a cobiça e o sentimento de poder, pois comandaria pessoas e ainda aproveitaria os produtos da casa. Ou seja, uniria o útil e lucrativo negocio ao agradável  hábito do bem bom.
         Visando o lucro, Zé Ramos investiu toda a sua fortuna na compra do tal lupanar. Porém, despreparado (Naquele tempo não existiam programas de empreendedorismo a pequenas empresas assessorados pelo Sebrae), nosso heroi foi levando o negocio com a barriga. Era mais cliente do que dono.
         Quatro meses depois o único garçom roubou o caixa e fugiu; dois empregados, encarregados da limpeza e da cozinha, e um segurança o colocaram na justiça do trabalho e as cinco trabalhadoras sexuais da casa apareceram grávidas o acusando de ser o pai das crianças, pois ele às vezes, quando estava doidão, expulsava os clientes e fechava o estabelecimento, para seu usufruto pessoal.
         Acabou vendendo o negocio por uma ninharia para um cearense, dono de um minibox que lhe fornecia mercadoria no fiado. Quase não dava para pagar as indenizações dos empregados e as outras despesas que ficaram da sua gestão.
         Mesmo assim, Zé Ramos é um cara feliz da vida. Viveu a sua experiência de empresário como um xeique árabe. E diz, sempre rindo, com o maior orgulho: - Já fui dono de puteiro. Não ganhei, mas também não perdi.
         Esse é o Zé Ramos com suas histórias. 

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