sábado, 9 de junho de 2012

'Você não sabia, mas já existe' revela segredos de frutas da Amazônia


Márcio Gomes foi ao Pará e descobriu o poder de vitamina, que há escondido nas frutas, e foi revelado agora pela ciência.
A coluna "Você não sabia, mas já existe" está de volta com um assunto que interessa a todos nós: saúde. Márcio Gomes descobriu novas pesquisas sobre as vitaminas – um segredo é esse que antes ficava só na cozinha dos brasileiros.
É uma preocupação de muita gente ter uma alimentação saudável para enfrentar um novo dia de trabalho, um dia de estudo. Tudo começa no café da manhã.
Um pão com manteiga, uma fruta, um café com leite. É um cardápio simples, que você pode ter em casa ou em um dos muitos restaurantes populares e bandejões que existem hoje no Brasil.
Em um restaurante popular da Zona Norte do Rio são feitas cerca de cinco mil refeições diárias, entre almoço e café da manhã. Sempre com uma preocupação: uma refeição nutritiva, balanceada e com um bom peso nas frutas.
O poder das frutas é o tema da coluna "Você Não Sabia, Mas Já Existe" desta quarta-feira (14). A equipe foi até o Pará conhecer uma pesquisa da Universidade Federal do Pará com as frutas da Amazônia. Elas são misteriosas para muita gente e estão tendo o poder de vitamina conhecido agora pela ciência.
A movimentação começa cedo no mercado do Ver-o-Peso, em Belém. Na grande tenda das frutas, basta um passeio para se perder em meio à variedade.
A famosa castanha do Pará nasce de um ouriço. A gente tem que abrir o ouriço e, dentro, tem cerca de 20 castanhazinhas. Para a gente consumir, é aquele processo de descascar na base do facão. Até ficar prontinha para consumo.
Mas aos olhos da ciência o atrativo é outro. “Aqui a gente tem um celeiro de medidas preventivas para doenças futuras", diz a nutricionista Carolina Vieira Bezerra.
E mais importante: as pesquisas estão mostrando que as frutas da região têm uma explosão de vitaminas e benefícios se comparadas a outros alimentos. “A pupunha tem uma capacidade antioxidante e é muito boa para os olhos. Ela tem dez vezes mais retinol que a cenoura”, revela a nutricionista.
"Outro exemplo é o camu-camu, que, em relação ao limão, tem cerca de dez vezes mais vitamina C", explica Cecília Vilhena, mestranda da UFPA.
Olha que potência: metade de um tucumã tem tanta vitamina quanto seis cenouras pequenas. E só metade de uma pupunha é igual a uma abóbora inteira.
O que a ciência quer conhecer melhor, moradores de uma pequena comunidade sabem por instinto.
Cruzamos o Rio Guajará-Miirim em uma grande balsa para chegar até o município de Colares, que fica em uma ilha. Lá dentro, o nosso destino final: uma pequena comunidade chamada Ariri.
Quando a gente chega na comunidade do Ariri, a gente logo percebe que a principal atividade econômica da região é a pesca. Os barcos ficam em um pequeno cais, logo na entrada da comunidade.
Além da riqueza das águas, eles também têm uma natureza vegetal riquíssima e a gente vai conhecer isso agora. Frutas boas para a saúde e que ainda estão sendo descobertas pelos pesquisadores.
Entramos na mata com o seu Potoca, 54 anos, nosso guia e chefe da colheita. O seu Potoca levou a nossa equipe para ver um cupuaçuzeiro - uma plantação de cupuaçu.
O mais interessante é que o cupuaçu só pode ser colhido quando a fruta está no chão. E se a gente pegar no pé e puxar? “Aí vai estragar”, explica seu Potoca.
Você pode ver como a natureza é pródiga na região. A gente só andou um pouquinho mais em uma estrada e chegamos a uma outra plantação. Dessa vez, de uma frutinha conhecida como buriti ou mereti, como eles chamam na comunidade do Ariri. Árvore é o buritizeiro. Mas, exatamente como o cupuaçu, você tem que esperar a fruta cair no chão e aí fazer a colheita e começar a trabalhar com o material.
Em algumas frutas amazônicas, como o buriti, foram descobertos vários tipos de uma substância chamada carotenóide, que dá cor aos alimentos e se converte em muita vitamina. “Comparado à cenoura e a outras fontes que já eram conhecidas, o buriti tem cerca de dez vezes mais vitamina A”, revela Cecília Vilhena.
Saúde a qualquer hora do dia. Vamos tomar um suco de cupuaçu? “É natural mesmo, da terra. Não tem nada de química”, conta uma moradora. Ela conta que as crianças da região tomam esse suco todo dia. “Ficam fortes. É muito difícil adoecerem”, diz.
Uma outra riqueza dessas frutas está nas sementes, geralmente jogadas fora. Mas no cupuaçu, a situação é bem diferente.
"A semente do cupuaçu, de onde se extrai a gordura é um dos exemplos de que a semente é interessante. Inclusive, hoje, a gente não consegue mais ganhar a semente doadas. Elas já têm um valor comercial", explica a professora Luisa.
E os moradores do Ariri ganham com isso. Eles vendem, para a indústria de cosméticos. É matéria-prima para a fabricação de cremes e produtos exportados para diversos países. Uma riqueza que o Brasil já chegou a perder.
“Os japoneses registraram a patente do cupuaçu, por exemplo. Mas o Brasil fez o seu papel, exerceu o seu direito e muitas coisas já voltaram ao nosso domínio”, conta o extrativista Arnoldo Luchtenberg.
Para que isso não aconteça de novo, o caminho é o conhecimento. Valorizando o que surge nos laboratórios. E o que passa de geração a geração na floresta.
Seu Potoca diz que sua energia para fazer a colheita vai durar bastante. “Até uns 60 anos ou 70 anos ainda tenho esperança de ter aquela força”, diz.
 Fonte: www.globo.com/bomdiabrasil

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