sábado, 10 de novembro de 2012

A LISTA DOS MELHORES LIVROS DO PROFESSOR MUNHOZ

munhozLido pelo próprio na BPEL, dia 03 de novembro de 2012, por ocasião de uma homenagem do grupo poético “Abeporá de Palavras” aos seus 80 anos, no Ano da Educação Antônio Munhoz Lopes.

Sábado passado, antecipando a abertura da 1ª Feira de livro do Amapá, citei o livro Essências da Literatura Mundial, terminando com um escritor nacional, Machado de Assis, autor de Memórias Póstumas de Brás Cubas, obra que deu início ao Realismo no Brasil, e como tal, colocado entre os melhores escritores de todos os tempos. Lembrando a abertura do Corredor literário, terça feira passada, na Biblioteca Pública, acho por bem enumerar por critério individual, dez obras essenciais da literatura brasileira em todos os gêneros e em todos os tempos, o que é difícil, porque cada cabeça tem uma maneira própria de pensar e julgar. Mas vamos às obras escolhidas:

1. Mais uma vez voltamos a “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, de Machado de Assis, obra sobre um “autor que é defunto ou um defunto que é autor”, o ficcionista carioca revolucionando a literatura brasileira.

2. O segundo livro seria ainda de Machado de Assis, “Dom Casmurro”, história sobre o ciúme, o adultério e a dúvida, obra prima de narração psicológica, revelando os frágeis limites da condição humana.

3. Um livro citado no último programa: “Vidas Secas”, de Graciliano Ramos. Eu lembro dos aplausos, em Lisboa, na Cinemateca Portuguesa, quando foi apresentado o filme homônimo de Nelson Pereira dos Santos, com o ator Átila Iório, no papel de Fabiano.

4. Um livro pouco lido, um misto de ensaio científico e literário: “Os Sertões”, de Euclides da Cunha, descrevendo a Guerra de Canudos. O livro é dividido em três partes: A Terra, O Homem e A Luta.

5. Um livro que é o ápice do nosso Romantismo, inicialmente publicado em folhetim, saga indianista da formação da nossa nacionalidade: “O Guarani”, de José de Alencar.

6. “O Imperador da Língua Portuguesa”, segundo Fernando Pessoa, obra ímpar na defesa dos cristãos novos, dos índios e dos negros, portanto alto de sua poderosa retórica.

7. “Memórias de Um Sargento de Milícias” de Manuel Antônio de Almeida, tendo como protagonista o primeiro grande malandro da novelística brasileira, também publicado em folhetim, no Correio Mercantil entre 1854 e 1855. A história gira em torno de Leonardo “filho de uma pisadela e de um beliscão”. Leonardo é filho de Leonardo Pataca, “algibebe em Lisboa” e Maria da Hortaliça, “rechonchuda e bonitona”.

8. Outro livro importante da nossa literatura, um dos mais importantes do séc, 19 é “O Ateneu”, de Raul Pompéia, publicado como folhetim na Gazeta de Notícias, em 1888, tendo como subtítulo “Crônicas de Saudades”, é um romance de inspiração autobiográfica, a história girando em torno do menino Sérgio.

9. “Fogo Morto”, de José Lins do Rego, abra prima do autor que mostra em linguagem forte e poética a decadência dos engenhos de cana-de-açúcar.

10. E, por último, um dos mais inovadores romances da literatura brasileira, livro que já foi eleito como um dos 100 de todos os tempos: “Grande Sertão Veredas”, de Guimarães Rosa, publicado em 1956, repleto de neologismo, arcaísmo recuperados, linguagem coloquial e regionalismo trabalhado. Acredito que foi nesse romance, que Guimarães Rosa, pela primeira vez, grafou a palavra “estória”, como a arte de contar fatos. Segundo o Círculo do Livro da Noruega, Grande Sertão Veredas, é um dos 100 livros mais importantes de todos os tempos, narrando as aventuras de Riobaldo pelo sertão mineiro. Segundo os críticos, o romance de Guimarães Rosa é um convite irrecusável à viagem pelas palavras.

E como tenho certeza de que algum ouvinte está se perguntando como é possível em dez obras essenciais da literatura brasileira, eu não citar nenhum de poesia, eu arisco mais dez apenas de versos:

1. A Obra Poética, de Gregório de Matos Guerra, o poeta rebelde e ferino que ficou com a XX de “Boca do Inferno”, havendo também muitos críticos que consideram sua obra lírica superior à satírica.

2. “Marília de Dirceu”, de Tomás Antônio Gonzaga, o poeta mais versátil do nosso arcadismo.

3. “I-Juca Pirama”, de Gonçalves Dias, sem dúvida o maior nome da primeira geração de poetas românticos do Brasil, destacando-se também com “Marabá”, “Canto do Tamoio”, “Canto do Guerreiro” e “Os Timbiras”

4. “Os Escravos”, de Castro Alves, o poeta baiano nascido em 1884, em Curralinho, hoje com o nome do autor. Tem como ponto alto os poemas “O Navio Negreiro” e “Vozes d’África”. Mas o único livro que publicou em vida foi “Espumas Flutuantes”.

5. “Romanceiro da Inconfidência”, de Cecília Meireles, sua obra prima da poetisa, narrando episódios da Inconfidência Mineira. Cecília também se dedicou ao magistério no ensino primário, mas foi também professora de literatura brasileira na Universidade do Texas, nos Estados Unidos.

6. “A Rosa do Povo”, de Carlos Drummond de Andrade, síntese de seu tempo, o livro retoma lirismo social dos anteriores e atesta a sua maturidade de poeta.

7. “Libertinagem”, de Manoel Bandeira, em versos livres, trazendo de volta o lirismo para a literatura do país. Um poema famoso desse livro de Manoel Bandeira, inclusive pela ironia, é o “Pneumatórax”. Mas o grande poema do livro é sem dúvida, “Vou-me Embora Pra Pasárgada”.

8. Nova Antologia Poética, de Vinícius de Moraes, autor de soneto de separação e Soneto de Fidelidade, onde ele confessa. “Eu possa me dizer do amor (que tive):/ que não seja imortal, posto que é chama/ mas que seja infinito enquanto dure”.

9. “Invenção de Orfeu” de Jorge de Lima, considerado por Mario Faustino “o maior, o mais alto, o mais vasto, o mais importante, o mais original poeta brasileiro de todos os tempos”. Nascido em União dos Palmares em Alagoas, exerceu a profissão de médico, tendo sido também professor de literatura.

10. “Morte e Vida Severina” de João Cabral de Melo Neto, poema que combina estrutura rigorosa e temática popular. O poema que é um auto de natal foi musicado por Chico Buarque de Holanda.

E poderíamos ainda citar outros livros importantes de poesia, como: “Lira de Vinte Anos”, de Álvaro de Azevedo, livro maior do ultrarromantismo brasileiro; “Nova Antologia Poética”, de Mário Quintana; “Poema Sujo”, de Ferreira Gullar; “Broquéis”, de Cruz e Souza, o poeta maior do nosso simbolismo; “As Metamorfoses”, de Murilo Mendes; o “Eu” e “Urubu pousou na minha sorte”. E para não ir mais adiante, um poeta magnífico, que foi meu contemporâneo em Belém: Mário Faustino, com “O Homem e Sua Hora”, morto tragicamente aos 32 anos num desastre de avião. E não esqueçamos que às dez horas, no Teatro das Bacabeiras, será oficialmente aberta a 1ª Feira de Livro do Amapá, indo até o dia 06, com palestras, saraus oficinas, tendo como convidado especial, Inácio de Loyola Brandão, autor do romance “Zero”, um dos muitos que sofreram as consequências da censura pela ditadura militar. Participemos, pois, da 1ª FLAP, isto é, da 1ª Feira de Livro do Amapá.

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