sexta-feira, 26 de abril de 2013

VÍTIMA DO ACIDENTE NUCLEAR EM CHERNOBYL ESTÁ NO RIO

Norbert Suchanek realiza, no Rio, o III Uranium Film  Festival, que já está em outras cidades do mundo.                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                       
Por José Amoras*

O ACIDENTE

Dia 26 de abril fazem 27 anos o acidente nuclear de Chernobyl. É considerado o pior acidente da história nuclear civil. Fez liberação de 400 vezes mais contaminação que a bomba que foi lançada sobre Hiroshima. As mortes por câncer em virtude da tragédia nuclear de 1986 em Chernobyl podem se situar entre 30.000 e 60.000, segundo um estudo de cientistas britânicos, que multiplica por dez a cifra apontada num controvertido relatório da ONU, dizem os pesquisadores britânicos Ian Fairlie e David Sumner.

O acidente fez crescer preocupações sobre a segurança da indústria nuclear soviética, diminuindo sua expansão por muitos anos, e forçando o governo soviético a ser menos secreto. Os agora separados países de Rússia, Ucrânia e Bielorrússia têm suportado um contínuo e substancial custo de descontaminação e cuidados de saúde devidos ao acidente de Chernobil.

 
VÍTIMA

Uma das pessoas afetadas junto com milhões de outros europeus daquele dia, o jornalista Norbert Suchanek, hoje mora no Rio de Janeiro. Na época ele tinha 23 anos e afirma que “Os ventos trouxeram as nuvens cheias de elementos radioativos do acidente nuclear, como césio-137, para mais de 3 mil quilômetros até a minha cidade Munique. Foi uma chuva que afetou as plantações e as pastagens”. Meses depois da chuva, a Bavária, bem como partes da Áustria, Itália, França e Inglaterra produziram milhares de litros de leite radioativos. “ Fizeram um leite em pó altamente radioativo, que finalmente foi exportado ilegalmente para países da África e América Latina. Este leite também foi vendido para o Brasil. Um crime”, informa Norbert.

URANIUM FILM FESTIVAL

Agora no Rio, com essa experiência, Norbert resolveu criar em 2010/11 o primeiro festival mundial sobre Energia Nuclear  “Urânio em Movi(e)mento” junto com a socióloga e professora Marcia Gomes de Oliveira. O festival, conhecido no exterior, como Uranium Film Festival, vai ocorrer pela terceira vez no Rio de Janeiro. Será no período de 16 a 26 de maio na Cinemateca do MAM – Museu de Arte Moderna. Este é o único festival mundial de documentários, ficções & animações de curta e longa metragens sobre toda a cadeia da energia nuclear e dos riscos e acidentes radioativos. Da mineração de urânio às centrais nucleares e lixo radioativo, das primeiras bombas atômicas às armas modernas fortificadas com urânio, de Hiroshima à Fukushima. 
 O festival quer especialmente dar visibilidade aos vários diretores de filmes "nucleares" que muitas vezes arriscam suas próprias vidas para realizarem este trabalho. Um dos exemplos é o brasileiro Roberto Pires, autor de "Césio 137. O Pesadelo de Goiânia" (1989).  Roberto Pires morreu  de câncer, em 2001, provavelmente por causa da contaminação com o césio 137, durante a produção deste importante filme sobre o acidente com césio em Goiânia – O Chernobyl do Brasil. Depois do Rio de Janeiro, o festival já esteve em outras  cidades do Brasil e exterior, como São Paulo, Salvador, Recife, Berlin, New Delhi e  Mumbai, além de outras.
 
Norbert, diretor geral do festival, fará uma palestra sobre Chernobyl e o Uranium Film Festival durante o pré-lançamento do evento que ocorre nesta sexta-feira na Vila Olímpica Arthur da Távola, no bairro de Vila Isabel, às17horas.

 José Amoras é jornalista e acadêmico de Direito. Mora no Rio. Cel.: (21)8228 5549

 
 

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